Viver é crescer
Quando me perguntam como eu encaro os desafios desse mundo globalizado, me recordo da minha infância.
Filho mais velho de uma família de imigrantes japoneses, mal sabia falar português quando comecei a estudar no pré-primário. Pra falar a verdade, nem tinha noção do que eram idiomas e que minha família falava um misto de japonês e português durante nossas conversas. Estimados comparsas, vcs não fazem idéia de como era frustrante para mim, tentar explicar (em vão) que não gostava de polenta. Eu não entendia como as pessoas não conseguiam entender o que eu falava.
Com o tempo, fui descobrindo estas diferenças. E não se resumiam apenas ao idioma. Culturalmente, a minha casa pouco tinha de influência brasileira. Quando ia à escola, isto é, quando saía de casa, era como se eu atravessasse uma fronteira. Até esta fronteira era a cultura que eu conhecia. A partir daí era uma nova cultura que eu digeria dia a dia.
Aprendi a lidar com as diferenças desde a tenra idade. A analisar o comportamente das pessoas. A entender o porquê de determinadas reações que as pessoas tinham.
Essa capacidade foi tal que quando fui morar na Austrália, não encontrei dificuldades em me adaptar. Mudei os hábitos alimentares, saia com amigos dos mais diversos países e não tive dificuldades de relacionamento.
Uma vez, disse a um amigo que esse negócio de economia globalizada não metia medo, pois eu mesmo era o resultado de um processo de globalização!
E mais, agora eu gosto de polenta!
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